Trabalhadoras da saúde no Ceará falam sobre as condições de trabalho

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O jornal O Trabalho entrevistou por chat as companheiras Auxiliadora Alencar, Carminha Ferreira e Eglaeide Monteiro, sindicalistas, militantes do DAP e profissionais da saúde que estão na linha de frente do enfrentamento do coronavírus no Ceará. A seguir, passagens da conversa.

– Em que condições os profissionais estão trabalhando neste momento da pandemia?

Diante da pandemia e da rapidez como é transmitida, os profissionais da saúde estão tendo de conviver com sérios riscos, se expondo durante suas jornadas de trabalho.

Faltam EPIs adequados para sua proteção e  os equipamentos que existem, além de não protegerem contra o Coronavírus são escassos. São máscaras e gorros descartáveis, que é o minimo na rotina diária, sem nenhum acréscimo.

Não obstante os esclarecimentos sobre as formas de contágio dos cuidados com os grupos de risco, os profissionais convivem com as carências de sempre.

Além disso, há uma injustificável diferença entre os EPIs fornecidos aos profissionais médicos e enfermeiros, técnicos em enfermagem, pessoal de serviços gerais, etc.

– Quem corre mais risco?

Visto que, pela falta de concurso público, os servidores já atingiram uma certa idade e apresentam doenças como hipertensão e diabetes, dentre outras, esta parte dos trabalhadores é mais vulnerável.

– Como a queda do número de servidores efetivos impacta a situação?

Na saúde pública estadual do Ceará, a mão de obra cooperada supera muito a do servidor de carreira.  25% são servidores de carreira e 75% são cooperados que recebem por hora trabalhada. Esses não tem direito ao atestado médico; em tempos de pandemia isso é uma preocupação pois esta parte dos trabalhadores estão ainda mais desprotegidos.

– Quais os principais efeitos dos ataques ao SUS desde o golpe de 2016?

Os leitos de UTI já são um problema, pois são insuficientes, bem como a falta de ventiladores (respiradores). A declaração do ministro da saúde em seu pronunciamento, no qual relatou uma elevação do Coronavirus em abril deixa os profissionais apreensivos, pois têm que lidar com a covid-19 sem as condições necessarias, tanto para os pacientes, como para sua proteção. O Sistema Único de Saúde (SUS) vem sendo precarizado há muito, e um dos maiores ataques à saúde são as emendas do teto dos gastos, a EC 95 (Nacional) e a EC 88 (Ceará) que desviam recursos para a dívida com os banqueiros, em detrimento da saúde. A chegada do Coronavírus expôs uma situação que vinha sendo mascarada. É preciso exigir a  imediata revogação destas ECs para evitar a catástrofe!

 

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