Uma reunião entre representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o presidente interino golpista, Michel Temer, no início deste mês, anunciou mais um afronte estapafúrdio à Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Desta vez, enfatizou-se a falsa necessidade de se ampliar a atual jornada de trabalho de 44 para 60 horas semanais. Numa clara demonstração de um olhar atento ao próprio umbigo, a CNI ainda reforçou a “ansiedade” para que essas mudanças sejam apresentadas “no menor tempo possível”.
Essa proposta integra um pacote de medidas originadas em um governo ilegítimo articulado a um Congresso retrógrado. Juntos, eles vêm passando um rolo compressor nos direitos da classe trabalhadora, como estabelecer um teto no orçamento público federal; abolir a política de valorização do salário mínimo e, agora, tentar ampliar a jornada de trabalho. E sempre a serviço do capital.
Ora! Aceitar isso é correr a passos gigantes para trás e negar todos os avanços conquistados (a duras penas). Uma dessas conquistas está prevista na própria Constituição de 1988: a redução da jornada de trabalho no Brasil – 48 para 44 horas semanais. Junto a outras centrais sindicais, a CUT repudia esse pensamento escravocrata e colonial, que nada mais almeja senão a maximização do lucro com base na exploração da classe trabalhadora. Aumentar a jornada significa banir direitos consagrados pela histórica luta do nosso povo. Significa expor homens e mulheres a condições desumanas de trabalho, afetando saúde e qualidade de vida.
A CLT já é uma “senhora” de 73 anos e merece respeito! Como merecem respeito as pessoas do campo e da cidade que têm os direitos assegurados por aquela. A CLT é patrimônio. Foi ela que unificou o conjunto de leis existentes no País e que regulamentou as relações individuais e coletivas do trabalho. A ampliação da jornada semanal para 60 horas é um ataque frontal à histórica luta do movimento sindical pela diminuição dessa jornada para 40 horas sem redução de salários.
Wil Pereira
presidencia@cutceara.org.br
Presidente da Central Única dos Trabalhadores no Ceará
(CUT-CE)
Fonte: Jornal O Povo
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