O ódio NÃO vencerá! MOVA-SE manifesta solidariedade ao padre Lino, vítima de fanatismo e ódio bolsonarista*
Diretoria Colegiada do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Estadual do Ceará/MOVA-SE, manifesta solidariedade ao padre Lino Allegri, vítima de fanatismo e ódio bolsonarista por parte de um grupo de fiéis católicos que frequentam a igreja da Paz, em Fortaleza.
É inaceitável a hostilização sofrida por padre Lino Allegri, a quem dedico minha solidariedade. Mais um grave episódio de intolerância e uma afronta aos ensinamentos cristãos.
Nós REPUDIAMOS toda e qualquer violência, intolerância, fundamentalismo e posturas antidemocráticas com frequência ocorridos no Brasil e que carecem de punição e coibição. Que a luta por mais vida e mais dignidade seja semente de um Brasil com mais empatia, solidariedade, fraternidade e justiça social.
Entenda o Caso Padre Lino Allegri
No começo do mês, no dia 4 de julho, o sacerdote foi hostilizado verbalmente por pelo menos oito católicos que invadiram a sacristia. O grupo estava motivado pela revolta contra as críticas feitas por Lino Allegri à política do presidente Jair Bolsonaro, em especial a condução desastrosa diante da pandemia da Covid-19.
Em um sermão matutino, o padre reforçou ainda a lembrança dos mais de 500 mil mortos pela pandemia, destacando que parte de tais mortes poderiam ter sido evitadas com uma condução mais assertiva das politicas de enfrentamento ao novo coronavírus. Diante das falas do padre, alguns fiéis apoiadores de Bolsonaro retornaram após o fim da missa celebrada para rechaçar o sacerdote.
Uma semana após o primeiro ataque, um homem, também apoiador de Jair Bolsonaro, adentrou na Paróquia da Paz gritando ofensas aos padres no domingo, 11 de julho. Na ocasião, um dos sacerdotes que comandava as celebrações era Ermano Allegri, irmão do padre Lino.
Neste caso, os fiéis se uniram em uma espécie de barreira e conseguiram expulsar o homem da igreja, que diante dos defensores dos padres, se retirou do local sob protesto. Todo ocorrido foi filmado e repercutido nas redes sociais entre aqueles que apoiaram o homem e os que criticam os ataques feitos por ele e demais apoiadores de Bolsonaro.
O caso ganhou grande adesão do grupo de bolsonaristas residente em Fortaleza, que passou a frequentar a Paróquia da Paz, no bairro Aldeota, onde o padre atua, como forma de fiscalizar a atuação de Lino. O grupo seguiu ainda com xingamentos, produzindo inclusive ameaças de agressão ao padre devido às criticas feitas ao presidente.
Diante do ocorrido, a paróquia, em reunião com Lino, optou por afastar o padre da realização das missas, como forma de assegurar sua integridade física, mental, além de tentar evitar possíveis tumultos exacerbados pelo grupo bolsonarista dentro da igreja.
No dia 18/07, um grupo de apoiadores de Jair Bolsonaro, vestidos em sua maioria com roupas da bandeira do Brasil e blusas estampadas com frases de apoio ao presidente, ocuparam a igreja como forma de protestar contra as atitudes do padre e o obrigar a deixar de lado às criticas a Bolsonaro.
O caso esta sendo investigado sob tutela da SSPDS.
Padre Lino Allegri aguarda ingresso no Programa Estadual de Proteção aos Defensores e Defensoras de Direitos Humanos (PPDDH) e segue sem data determinada para seu retorno às atividades paroquiais abertas ao público.
Lino é defensor da Teologia da Libertação, movimento considerado apartidário que engloba várias correntes de pensamento interpretando os ensinamentos de Jesus Cristo como libertadores de injustas condições sociais, políticas e econômicas.
Mova-se