Por Fernando Carvalho – Diretoria de Juventude do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Estadual do Ceará/MOVA-SE
O golpe de 31/03/1964 não pode ser esquecido, apesar de ser fato triste na história do Brasil. O protagonismo militar na política, submisso ao imperialismo estadunidense e a uma parte do empresariado nacional (sobretudo da construção civil) e grande imprensa, trazia uma fachada de estabilização, segurança e restabelecimento da paz no Brasil, diante uma suposta ameaça comunista. Essa deturpação de conceito e valores comunistas era um dos pretextos para derrubada de João Goulart e garantia da submissão econômica e social do Brasil aos Estados Unidos. A fórmula do golpe já estava aplicada no Paraguai e se estenderia pela América Latina, em países como Chile e Argentina.
Nos anos seguintes, até 1985, nosso país viu uma grande farsa empresarial e militar, que além de rasgar a constituição de 1946, feriu os direitos de muitas brasileiras e brasileiros sobre a capacidade de decidir os rumos do país. Militares perseguiram, torturaram, estupraram e matou quem se opunha à ideologia militarista cruel e incapaz de escutar a população.
Nosso país viu também a resistência popular em cima da vigilância e espionagem contra estudantes e professores/as, censura a artistas e a quem fazia comunicação em compromisso com a verdade. Nem mesmo familiares e amigos de militantes sociais, adultos ou crianças, filhas ou netos escapavam da dor, mordaça e morte trazida pela ditadura.
Lembrar dessa história para não mais permitir o avanço de militares na política. Lembrar para não suportar mais milicos desqualificados como Bolsonaro enquanto chefe de Estado, propagando valores torpes, de um militarismo vazio, incrustado de racismo, machismo e desrespeito a toda a diversidade brasileira. Um revisionismo ridículo e que aliena nosso povo sobre o entendimento sobre sua própria história e valores. Nosso compromisso é de não permitir mais qualquer estado de exceção ou qualquer exclusão de trabalhadoras e trabalhadores do exercício de liberdade e de poder decidir com voto, voz, estudos e ações os rumos da sociedade brasileira.
Como disse Gonzaguinha em música, “não quero esquecer essa legião que se entregou por um novo dia”, portanto é importante fazer memória a lutadores e lutadoras como Jana Barroso, Frei Tito, Carlos Marighella, Helenira Resende, Bergson Gurjão, Honestino Guimarães!
Em memória a sindicalistas como Aluísio Palhano e Margarida Alves!
Todo o repúdio contra quem ataca a história e a soberania do povo brasileiro!
Fernando Carvalho / MOVA-SE