A redemocratização do Brasil foi uma conquista garantida após intensa luta e mobilizações da sociedade brasileira. Os acontecimentos do dia 17 de abril de 2016 foram um duro golpe na democracia brasileira, escancarando uma página das mais nebulosas da história do País. No “circo de horrores” transmitido ao vivo para o mundo ver, mais de 300 deputados federais desrespeitaram 54 milhões de votos da população e decidiram pelo impedimento da presidenta da República sem crime de responsabilidade.
Porque pareciam ser mais importantes o aniversário do neto, a declaração de amor para a esposa, a homenagem ao criminoso político, a adoração ao torturador.
Enquanto isso, na surdina, esse mesmo Congresso Nacional reacionário que finge lutar por “mudanças” está mudando, sim (mas para pior), uma infinidade de direitos. Ao todo, 55 matérias que atacam a classe trabalhadora estão em tramitação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. O levantamento foi feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Entre essas 55 ameaças, estão projetos de lei que querem: regulamentação da terceirização sem limite, permitindo a precarização das relações de trabalho; redução da idade para início da atividade laboral de 16 para 14 anos; impedimento do empregado demitido de reclamar na Justiça do Trabalho; suspensão de contrato de trabalho; criação de consórcio de empregadores urbanos para contratação de trabalhadores; extinção da multa de 10% por demissão sem justa causa; entre dezenas de outros absurdos.
Vivenciamos um período turbulento e sombrio. Diante desse quadro, teremos daqui a dois dias, no domingo, um 1º de Maio histórico de luta da classe trabalhadora. Irmanada a outras centrais e movimentos populares, a CUT denunciará o golpe e a agenda de retrocessos. No Brasil inteiro, ocorrerão gigantescos atos político-culturais e assembleias que resistem e mantêm a luta incessante pela manutenção de direitos conquistados e pelo avanço de outros. Em Fortaleza não será diferente. Impossível aceitar a concretização de ameaças. Para a classe trabalhadora, a luta continua.
Wil Pereira
presidencia@cutceara.org.br
Presidente da Central Única dos Trabalhadores no Ceará
(CUT-CE)
Fonte: Jornal O Povo
Link: http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2016/04/29/noticiasjornalopiniao,3608927/democracia-sequestrada-55-ameacas-a-classe-trabalhadora.shtml