Entidade aciona MPF contra intimidação de estudantes na UFC; universidade nega

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Estudantes da UFC denunciam ação intimidatória de supostos seguranças na reitoria. Universidade disse que houve “reforço na segurança”

PROFESSORES e estudantes relatam presença de pessoas não-identificadas fazendo segurança da reitoria

A Associação dos Docentes da Universidade Federal do Ceará (Adufc) acionou o Ministério Público Federal (MPF) para que investigue relatos de intimidação de estudantes e professores no espaço da reitoria da UFC, ontem pela manhã.

Na representação, o sindicato afirma que pessoas não identificadas desempenhavam função de seguranças enquanto captavam, sem autorização, imagens dos manifestantes reunidos ali.

Desde a semana passada, quando Cândido Albuquerque foi nomeado e empossado como novo reitor da UFC, professores, servidores e alunos mantêm um comitê na reitoria como forma de protesto.

O documento encaminhado pela Adufc ao MPF solicita a instauração de procedimento “para apuração dos fatos, identificando os responsáveis pela manutenção de pessoas estranhas à comunidade acadêmica e aos quadros da UFC, no âmbito da reitoria, determinando-se ainda que cessem as tentativas de intimidação ao ato de protesto pacífico”.

Presidente da entidade, o professor Bruno Rocha questionou a UFC sobre os supostos seguranças presentes no campus, mas, segundo ele, até o fim da noite de ontem não havia obtido resposta da instituição. “Já tínhamos essa informação de que terceiros estavam lá quando começou a aglomeração. Os estudantes estavam inseguros”, conta o dirigente.

Também ontem, a Adufc pediu oficialmente que a UFC apresente a lista de funcionários encarregados da segurança lotados na reitoria, servidores e terceirizados, para que possam identificar os indivíduos que gravaram os estudantes com aparelho celular.

Um dos alunos presentes ao ato na reitoria naquele momento, André William, do curso de Ciências Sociais, relata que “havia muitos guardas da federal, alguns a mais do que a quantidade normal”. De acordo com ele, entre esses profissionais estavam “homens estranhos à UFC fazendo a ronda dos espaços”. O universitário adiciona: “Bateram fotos e fizeram vídeos, disfarçadamente. Também bateram foto de mim”.

Ao O POVO, o superintendente de Infraestrutura e Gestão Ambiental da UFC, Ademar Gondim, disse que “o campus do Benfica, como os demais, não tem controle rigoroso de acesso”, mas que “fotografar e filmar sempre foi permitido”. Indagado sobre eventual intimidação de estudantes, Gondim respondeu: “Qual foi o crime que alguém cometeu? Alguém agrediu alguém? Se alguém está se sentindo inibido, ou ameaçado, me procure”.

Para o superintendente, “está havendo excesso” no episódio. “Há uma contextualização política. Eu tenho maturidade pra entender. Nós estamos num embate político. Eu lhe asseguro o seguinte: o reitor e o chefe de gabinete estão abertos à negociação”, disse.

Procurada pela reportagem, a UFC informou que “não há nenhuma segurança nas dependências da reitoria da UFC que não seja da própria universidade, seja ela formada por agentes do quadro efetivo ou por terceirizados”. A universidade acrescentou ainda que “os servidores efetivos da segurança da universidade, assim como os supervisores e coordenadores da área, não trabalham uniformizados”.

Conforme a universidade, “em virtude das manifestações, houve, sim, um reforço na segurança da reitoria, motivado por uma questão de responsabilidade com o patrimônio e com a proteção de todas as pessoas presentes no prédio”.

O POVO entrou em contato com o reitor Candido Albuquerque, mas as mensagens não foram respondidas.

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