DITADURA NUNCA MAIS!

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DITADURA NUNCA MAIS!


Publicado em 1 abril, 2020
Por Valter Pinheiro ( * )

Em 1° de abril de 1964, há exatamente 56 anos, começou a mais trágica etapa da História do Brasil. Nesse dia, as ruas foram ocupadas por tropas do Exército brasileiro em todos os Estados da Federação e, em Brasília, oficiais de alta patente das Forças Armadas ocuparam o Palácio do Planalto e assumiram o governo. Através de um golpe militar, depuseram o presidente João Goulart, eleito pelo povo em eleições democráticas. O golpe foi uma exigência dos poderosos senhores latifundiários, empresários de todos os setores, banqueiros com a conivência do STF e o aval da CIA, que é uma instituição do imperialismo norte-americano especialista em organizar golpes de Estado. Foi, então, implantada a ditadura civil-militar nazi-fascista, que perdurou por mais de vinte anos.

O objetivo foi barrar a luta dos trabalhadores da cidade e do campo por reformas de base ( reforma agrária, da educação, do sistema de Saúde pública…). Reformas que poderiam melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores urbanos e camponeses, as quais João Goulart era sensível.

A classe dominante daquela época como a de agora jamais reconheceu direitos de melhores condições de vida aos trabalhadores. Sempre que percebem que estes se organizam para lutar por melhorias de vida, tratam de tomar medidas de repressão e buscam apoio no governo imperialista dos Estados Unidos. A CIA planeja o golpe e as Forças Armadas brasileiras executam. Para estas, seu maior inimigo é a classe trabalhadora.

A ditadura civil-militar nazifaciista imposta, então, trouxe a mais cruel treva que cobriu este país, trazendo retrocessos em todos os aspectos do relacionamento humano. Predominava o clima constante de terror de Estado. Não havia um só dia que a repressão não prendesse – sequestrasse mais precisamente – torturasse e assassinasse em sessões de tortura praticadas por sádicos militares nos porões dos quartéis do Exército. Os crimes de lesa-humanidade ( torturas ) era a rotina do tenebroso regime militar.

Nos primeiros anos do fatídico golpe, os perseguidos eram estudantes, trabalhadores sindicalistas urbanos e rurais, intelectuais identificados com a causa operária, entidades estudantis, partidos de esquerda e militantes de partidos e organizações comunistas. A partir de 1968, com a decretação do Ato Institucional 5 ( AI-5 ) , veio a radicalização da ditadura civil-militar e os sacerdotes e religiosas católicos compuseram também o rol de vítimas. Exemplo disso foi o Frei dominicano Tito de Alencar, preso por ter participado do Congresso da UNE ( União Nacional dos Estudantes ). Foi levado para o Centro de torturas do Exército, o chamado DOI-COD. Foi intensamente torturado e, em consequência morreu. Frei Tito foi assassinado pelo Estado terrorista brasileiro.

O golpe se dá em 1° de abril, porém os militares fascistas passaram a comemorá-lo em 31 de março para que a farsa, as falsas justificativas não ficassem tão expostas no dia 1° de abril, dia da mentira.

Muito há que dizer sobre aqueles dias, meses e décadas de terror. Neste relato, no entanto, não comporta esmiuçar os terríveis momentos sofridos por todos os ex-presos políticos. No entanto, é necessário que haja frequentes palestras e debates sobre o tema com o objetivo de preservar a memória. Jamais silenciar. É importante que se divulgue a existência de um Memorial da Resistência na SECULTFOR, em Fortaleza, que se levem estudantes para conhecer este equipamento que é parte de nossa História. Isso estimula o debate para que venha à tona o que a história oficial esconde. Os professores têm uma carga de responsabilidade nessa tarefa que leva à formação do pensamento crítico. Sem a formação do pensamento crítico não há como germinar a Resistência. Esta poderá fornecer as bases para a transformação social.

Aquela ditadura civil-militar não completou a sua obra destrutiva da luta pela libertação da classe trabalhadora. A geração daquele período reagiu, resistiu e deixou a sua marca profunda. Os poucos militantes que ainda sobrevivem não desistiram de continuar a luta de preservar a memória e, com isso, o Exército brasileiro não consegue apagar a ignomínia que praticou e não tem como limpar a nódoa do sangue dos torturados que marcou vergonhosamente a História do Brasil.

Apesar disso, aquela elite, que se continua na de hoje, fossilizada volta a se contorcer de ódio aos trabalhadores por causa de algumas migalhas atiradas a estes, trazendo algumas melhorias em suas vidas de explorados por governos populistas e, portanto, não comprometidos por laços ideológicos com a libertação da classe trabalhadora. Apesar de migalhas ganhas, os senhores de senzalas não se conformam e não hesitam em tentar tirá-las. E voltaram a tirar do velho armário a sua arma predileta e assestaram novo golpe através do impeachment da presidente Dilma. Motivos? Eles não precisam de motivos. Sabem que sempre são respaldados por um Congresso majoritariamente corrupto, pelos abutres do STF e por uma mídia golpista. E mais uma vez o imperialismo norte-americano dá a sua decisiva cota de participação. O ano de 2016 foi só uma preparação para mais um desastre histórico. Em janeiro de 2018, toma posse, como presidente eleito da República, a figura mais estúpida e criminosa que este país já produziu em matéria de presidente do Brasil, eleito nas urnas por eleitores idiotizados e afinados com o discurso da violência e totalmente indigentes de qualquer capacidade de pensamento crítico. O presidente empossado traz um título nada abonador de chefe de milícia e tem por herói o maior torturador da ditadura civil-militar, o assassino Carlos Ustra, que foi condenado pela justiça de São Paulo por crime de lesa-humanidade.

A que veio essa macrossalmonela? Veio incumbido de destruir todos os direitos trabalhistas e previdenciários para a satisfação dos poderosos senhores do grande capital nacional e internacional com os quais ele se comprometeu. Esses senhores, por sinal, compõem a pátria dele. Veio para doar nossas riquezas minerais (como o pré-sal) e grandes empresas estatais ( Petrobrás ) às empresas multinacionais. E veio para devastar a Amazônia brasileira através de incêndios criminosos cujas terras serão doadas ao agronegócio e pecuária.

A tudo isso quem vai reagir? Esse”povo” que elegeu a salmonela? É preciso urgentemente que mostremos através de várias atividades junto aos trabalhadores e à juventude que o nosso foco principal daqui por diante é a derrubada desse presidente exterminador e o Fascismo que ele trouxe a tiracolo. Antes que ele traga de volta os militares nazi-fascistas para reassumir o governo e tenhamos de reviver o terror de Estado.

Fora Bolsonaro e o Fascismo!

Ditadura nunca mais!

LEMBRAR PARA NÃO ESQUECER!

PARA QUE NUNCA MAIS ACONTEÇA!

* Prof. Valter Pinheiro, ex-preso político.

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