Imagine ficar sem água um dia? E o ano inteiro? Famílias do interior do Ceará sofrem com a falta d’água. O estado vive a pior seca dos últimos 50 anos. A Secretaria de Desenvolvimento Agrário contabiliza que 173 dos 184 municípios decretaram estado de emergência em consequência da estiagem prolongada. Em 2012, os agricultores perderam 84% da safra.
Relatório da Ematerce aponta que 52 municípios, o equivalente a 30,4% do total estão sem reserva de água tanto para consumo humano quanto animal. Não há também pastagem suficiente para o rebanho por conta da seca. A Cagece reconhece que 4 municípios (Quiterianópolis, Beberibe, Crateús e Pacoti) já estão em racionamento de água. Mais 3 (Caridade, Itatira e Alcântara) estão em situação eminente de racionamento, por isso são realizadas ações educativas com a população relacionadas ao uso da água. De acordo com a Cogerh, de 139 açudes localizados no Ceará, 73 estão com capacidade hídrica inferior a 30%, desses, 24 municípios estão com menos de 10%.
Diante dos desafios enfrentados pela população que sofre com a falta d’água, a CUT-CE promove campanha de coleta de água potável no Ceará. Os detalhes sobre a campanha serão divulgados em entrevista coletiva, nesta quinta-feira (18/04), às 10 horas da manhã, na sede da CUT-CE, na Rua Solón Pinheiro, 915, bairro José Bonifácio, em Fortaleza. “Todas as entidades cutistas unem forças, com sentimento de solidariedade às famílias que vivem no semiárido cearense, para doar água potável”, ressalta o vice-presidente da CUT-CE, Will Pereira.
As doações podem ser feitas na sede da Central. O material arrecadado será entregue, no Dia do Trabalhador – 1º de maio, na Praça do Ferreira, à Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Ceará- FETRAECE que destinará junto com a Central a água aos representantes dos trabalhadores (as) do campo dos municípios em racionamento de água. “Esta é uma campanha simbólica para dialogar com a sociedade e reivindicar dos governos ações estruturais de convivência com o semiárido. Água é indispensável à vida, e, portanto, não pode ser deixada para depois. As políticas precisam ser de longo prazo e não apenas em cada ano de seca. Seja solidário. Doe água potável”, ressalta a presidenta da CUT-CE, Joana Almeida.
A campanha reforça a reflexão sobre a necessidade de implantar estratégias para a convivência com o semiárido e não apenas ações emergenciais para suprir a falta d´água. A proposta é implementar ações estruturantes de promoção do desenvolvimento rural sustentável e solidário em regiões onde a estiagem é cíclica. Para conviver com o semiárido, é fundamental investir em tecnologias de reutilização de água simples, baratas, eficientes e acessíveis às comunidades, como construção de açudes, cisternas de placa, adutoras, barragens subterrâneas, perfuração de poços, técnicas de irrigação.