Consignados: "O governo vendeu gato por lebre"

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Não precisávamos do cartão único, por isso o governo tem uma parcela de culpa no endividamento dos servidores. Foi dele a decisão de estabelecer regras “para controlar a margem de desconto” em folha do servidor. O que aconteceu, na verdade, foi que o governo vendeu “gato por lebre” e quando pedimos audiência para denunciar casos de servidores que foram as últimas consequências por desespero o governo se esquivou.

Em 2009, as entidades não conseguiram convencer o governo a não adotar intermediários nas consignações. Tudo foi feito à nossa revelia. O fórum dos servidores  não aceitou e entrou com ação que continua em tramitação para derrubar o Decreto das consignações. O governo recorreu. Entre 2010 e 2011 foram várias as solicitações de audiência pública, tentativas de negociação com o governo e pronunciamentos de deputados denunciando um suposto esquema de agiotagem. Nada foi investigado e nenhuma importância se deu ao clamor de milhares de servidores.

Somente agora, pressionado pelas denúncias na mídia nacional e local, o governo finalmente concordou em reavaliar a questão das consignações. Na segunda-feira, 16/4, durante reunião da Mesa Estadual de Negociação, entre servidores e governo, ficou agendada audiência pública sobre consignações para quarta-feira, 25/04, às 10 horas, na Seplag.

A empresa ABC teve livre acesso aos órgãos públicos para oferecer o Cartão Único com a promessa de refinanciar dívidas em 72 parcelas. Na verdade, só se consegue renegociar com o Bradesco porque tem convênio com a ABC Card e prazos mais elásticos para o crédito não são, necessariamente, benéficos para quem contrai empréstimo consignado. Isto porque o que poderia ser uma facilidade implica também em juros mais altos além de mais tempo com a renda comprometida. O efeito é devastador mais na frente.

Não se investigou porque as taxas são tão elevadas já que os bancos não terem o menor prejuízo com este tipo de empréstimo e não correm o menor risco. Os descontos das parcelas são feitos diretamente na folha.
Rita Galvão é diretora do MOVA-SE e integrante da coordenação do fórum de servidores

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